bubuia
hoje eu já garanti o café.
desfiz o bordado que fiz ontem,
olhei por alguns minutos
sem surpresa
as plantas que morreram de causa desconhecida
sem surpresa
as plantas que morreram de causa desconhecida
de um dia para o outro.
algumas coisas morrem
algumas coisas morrem
e se vão, sem ritual.
algumas coisas são perenes
algumas coisas são perenes
meu café é perene
meu olho é perene.
o corte sem cuidado,
meu olho é perene.
o corte sem cuidado,
sem satisfação
do alerta dos sentidos todos.
do alerta dos sentidos todos.
o sexto, inclusive.
talvez seja eu o próprio método
talvez seja eu o próprio método
da tempestade:
salvar-se, sair ilesa, só um sonho cínico.
salvar-se, sair ilesa, só um sonho cínico.
a cada manhã acordo numa praia nova
(braços, cômodos, uma emoção
até então desconhecida)
carregada de novo
até então desconhecida)
carregada de novo
pela onda da noite
só aceito.
lembrar meu nome me basta.
só aceito.
lembrar meu nome me basta.
***
Jéssica Martins Costa nasceu em Belo Horizonte, num verão dos
trópicos de 1992. Quase ao meio-dia, provavelmente debaixo de um céu de
brigadeiro. Anda meio distraída meio muito atenta pelo mundo e, como muitos,
ainda não entendeu direito o que está fazendo aqui. Sabe que traduz e escreve
poesia. Que formou-se em Letras em algum ponto dos anos 2010 e depois não quis
mais saber de escola. Que se reúne (quase) todos os domingos com amigos em um
bar, para ler e conversar sobre poesia, e que eles dão a esse encontro o nome
de Antissarau. Que nasceu longe do mar por uma adversidade do destino, mas
pretende consertar isso em breve. Que é meio bicho do mato. E que sem dúvidas
não é muito boa em falar de si mesma. Seu primeiro livro, Bubuia, sairá
em novembro pela Editora Patuá.
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