domingo, 30 de novembro de 2014

Par-to tempo

I

A água escorreu verbo no primeiro banho do dia. Manchou de vapor e suor, espelhos e roupas.O pote encheu-se pingando, pulsando. Na separação das gotas que o compunham, decidi pela escolha da que suasse e soasse impiedosa, a que molhasse primeiro os olhos e meu pedaço de papel. 

II

THERE IS NO TIME

III

Estico as pernas e consigo alcançar a parede do ventre que me carrega agora. É de espaço pequeno, e o desconforto sugere saída.

IV

No espaço cabe um poema, me dê tempo para escrevê-lo. Talvez nasça agora, livre de tudo, nu, ou vire estrela, um parto eterno, um pacto.

V

Vinte e três de setembro, primeira contração, descoberta primaveril dos ipês em flor.E o mundo, me cospe para fora, outra vez.

IV

Aprendo agora meus primeiros sons. Balbucio e entrevejo em roxo o princípio de um delírio, enlouqueço, agora que nasci.



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